Saturday, January 3, 2009

Salas de aula no mundo virtual

Dois artigos reproduzidos abaixo chamaram a minha atenção para a importância e a utilidade do mundo virtual. O primeiro foi publicado no Diário de Pernambuco e o segundo no Correio Braziliense . Leiam os artigos eu volto depois.


Plataformas que simulam a realidade, como o programa Second Life, auxiliam o aprendizado e são cada vez mais utilizadas por professores e alunos
Paloma Oliveto // Do Correio Braziliense publicada no Diário de Pernambuco



Brasília - A aula é sobre Roma antiga. Em vez de apenas ouvir as explanações dos professores, os alunos transportam-se das carteiras direto para a Via Appia. Entram no Coliseu, exploram os fóruns imperiais, conversam com gladiadores. Tudo isso sem sair de casa.

Sala de aula virtual dentro do programa da internet Second Life. Os bonequinhos são representações de alunos de verdade conectados pela web. Programa será testado no Brasil. Foto: Second Life/Reprodução
O que poderia ser apenas ficção científica hoje é possível graças ao mundo virtual. Cada vez mais, plataformas como o Second Life - que permite ao internauta criar um personagem (avatar) e navegar por um universo criado eletronicamente - são usadas como aliadas da educação a distância. Ao contrário dos métodos tradicionais, elas permitem a interação em tempo real. E num ambiente de três dimensões, o que, para especialistas no assunto, é a principal atração dessa tecnologia, já considerada uma revolução na maneira de ensinar.

Os mundos fictícios são uma amostra de como a interação via web pode ser positiva na educação. "Esses ambientes trazem uma sensação de proximidade que dificilmente é obtida por outros métodos a distância. Além disso, oferecem uma série de ferramentas, como chats de texto, de voz, em grupo, e também permitem que as aulas fiquem mais práticas", diz o professor João Mattar, co-autor do livro Second Life e Web 2.0 na Educação.

Para quem não está habituado ao Second Life, a plataforma consiste em um conjunto de ambientes que simula a realidade e funciona 24 horas por dia. Assim que instala o programa em seu computador, o usuário cria um avatar, sua representação naquele meio. Pode- se escolher desde a cor do cabelo ao sexo - quem é homem pode ter um avatar feminino e vice-versa, por exemplo. Personalidade formada, é hora de explorar as possibilidades do novo mundo. Em frações de segundos, é possível sair da Universidade de Oxford, na Inglaterra, para a Praia de Copacabana, no Rio. Os avatares também interagem. É só puxar assunto e esperar pela resposta, que pode ser escrita na tela ou mesmo falada, caso os computadores possuam microfone. Com as teclas do micro, o usuário se movimenta. Anda, sobe escadas e até voa.

Embora criado para o entretenimento, o Second Life, mundo virtual mais difundido na internet, foi aos poucos ganhando vocação para a educação. No Brasil, há duas ilhas, onde diversas instituições de ensino são representadas. O professor João Mattar, porém, acredita que falta explorar melhor as ferramentas que a plataforma oferece. "Por enquanto, a maioria das instituições no Brasil está concentrada na construção de prédios e na propaganda dos cursos. Faltam projetos pedagógicos", acredita. Já nos Estados Unidos, o processo está mais avançado, segundo Nicholas Cop, presidente de uma empresa de consultoria especializada em Web 2.0 e mundo virtual. Ele conta que até a escola de direito de Harvard já dá aulas por meio do Second Life. É possível, por exemplo, simular um tribunal do júri com elementos dignos de filmes hollywoodianos. O mundo virtual permite, ainda, construir maquetes arquitetônicas - e entrar nelas -, objetos de design, modelos de engenharia, moléculas e diversas outras estruturas que facilitam o aprendizado.


Governo federal se prepara para usar plataforma virtual em cursos a distância

Fonte: Paloma Oliveto - Correio Braziliense

Plataformas virtuais, como o Second Life, são cada vez mais usadas na educação. A idéia de educar em mundos virtuais conquistou o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), autarquia da Casa Civil. A partir do próximo ano, o governo federal vai oferecer cursos gratuitos sobre software livre para servidores públicos e interessados no assunto usando uma plataforma semelhante à do Second Life. Há quatro meses, o programa norte-americano é utilizado na fase piloto, que atende 48 mil alunos. Porém, a idéia é construir a ilha do Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento no mundo Open Sim que, ao contrário do Second Life, não cobra pelo uso do espaço e serviços.

“Os mundos virtuais oferecem grandes possibilidades educacionais, porque podemos construir o ambiente mais adequado para determinado público aprender melhor”, defende Djalma Valois Filho, coordenador de operações do ITI e idealizador do projeto. Ele conta que o instituto, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, também vai disponibilizar cursos técnicos de agronomia para pequenos produtores rurais. “Se para o homem do campo o ambiente ideal de aprendizado é uma grande fazenda, com milharal e professores debaixo da árvore, criaremos esse mundo.”

Para Valois, os mundos virtuais não atrapalham os relacionamentos reais. “Na verdade, a tendência é que você amplie suas relações com outras pessoas. Há pesquisas que mostram inclusive que o metaverso ajuda pessoas com dificuldades de se relacionar. É importante lembrar que, por trás de cada avatar, há um ser humano”, diz. Ele afirma ainda que os monitores dos cursos terão acompanhamento psicológico para saber lidar com a realidade virtual.

Face a face

Embora reconheçam as múltiplas possibilidades da educação nos mundos virtuais, os especialistas defendem que a tecnologia deve ser apenas uma ferramenta a mais ou, no máximo, utilizada para cursos já tradicionalmente a distância, como graduações e extensões. Já em relação à educação básica, eles garantem que nada substitui o contato pessoal.

“A educação tem múltiplas funções e uma delas é a socialização. Não basta apenas ensinar conteúdos. A criança vai para escola encontrar outras crianças. Isso nunca vai ser substituído”, diz o especialista em gestão educacional Maurício Garcia, proprietário de uma empresa que cria ambientes virtuais para sistemas de ensino. “O Second Life não poderá substituir uma sala de aula real. Deve ser usado como mais uma ferramenta, para oferecer aulas a pessoas que não podem se deslocar para assistir a uma aula real”, concorda o americano Nicholas Cop, presidente de uma empresa de consultoria internacional especializada no tema.

Autor de um livro sobre educação no Second Life, João Mattos diz que, nos Estados Unidos, as high schools (correspondentes ao ensino médio no Brasil) têm feito experiências mistas, de oferecer aulas presenciais complementadas por atividades virtuais, principalmente na área de ciências. “A aprendizagem vai depender sempre do objetivo, do tipo de curso e do público-alvo. É uma tendência inegável que, independentemente do nível de ensino, as escolas vão começar a utilizar cada vez mais os mundos virtuais”, acredita. A tendência já tem até nome: blended learning (aprendizado misto).

O especialista em novas tecnologias na educação Adauto Soares, que desenvolve uma dissertação de mestrado sobre o Second Life, porém, lembra que ainda deve demorar até os mundos virtuais atingirem um grande público. “A própria internet ainda é elitista. Menos de 10% da população mundial tem acesso. O Second Life é ainda mais restrito. E, ao contrário do que muitos dizem, o desenvolvimento do ensino a distância não é algo barato”, pondera.

Voltei. Então o que você acha? O second life é mesmo uma plataforma do futuro, ou navegador 3D como eu gosto de chamá-lo? Algum leitor já teve aula ou experimentou o meta-verso em atividades educativas? Adoraria saber a opinião de todos vocês. Se desejar dar sua opinião basta fazer um comentário. O próximo artigo traz algumas dicas do Second Life e a minha opinião sobre o futuro do meta-verso.

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