Com é um texto polêmico, gostaria muito de saber qual é a opinião dos meus queridos leitores a esse respeito. Para você o Second Life é um jogo ou um Simulador?
Second Life Jogo ou Simulador de Vida? Por Ananda Valeeva ( em preto) e Anna Avalanche (em azul)
Tenho adiado esse assunto, mas acho pertinente abordá-lo agora, ante ao que tenho presenciado e como uma das razões para o encanto que eu via na SL se esvair. Antes dos simuladores de vida que têm se multiplicado na internet, muitos de nós puderam se divertir com The Sims, em nossas inocentes aventuras, que dependiam apenas de nós. Foi um ótimo ensaio para o que viria depois.
Concordo plenamente Ananda acredito que o Second Life seja mesmo um simulador. Nele é possível simular não só comportamento, relacionamentos, negócios. Mas ai vem uma dúvida... Um jogo não é uma simulação também? Quando um garoto joga um vídeo game de automobilismo ele não estaria simulando uma situação real? Quando nós brincávamos de casinha e de Barbie não estávamos simulando a vida de uma dona de casa?
Não sou dona da verdade e cada um tem sua opinião, mas fica muito claro até mesmo na página oficial da Linden Labs, a criadora do Second Life (o próprio nome traduzido quer dizer, Segunda Vida), que isso não é um jogo, mas um “simulador de vida, de sonhos, criado e imaginado por seus usuários”. Second Life é uma “vida paralela”, uma segunda vida além da vida “principal”, “real”.
Por gostar muito de animais lembro-me de uma reportagem em que o leãozinho brincava de atacar e o narrador descreveu essa brincadeira como uma atividade lúdica que na verdade ajudaria no aprendizado quando ele tiver que caçar para sobreviver. Acho que os jogos são também uma maneira de simular a realidade. E se pararmos para pensar à medida que a internet, vídeo games e a informática se tornou popular cada vez mais os jogos se parecem com a realidade. Quem não se lembra das restrições a jogos violentos de vídeo game, justamente por serem tão cruelmente reais. Contudo é verdade que alguns jogos simulam pouco ou quase nada de uma situação real.
Não somos apenas uma representação em pixels, nem bonequinhos, como tantos teimam em afirmar. Afinal, sem o nosso controle não haveria interação e nada do que acontece na SL. Jogo? Quais sãos as metas, objetivos, adversários a superar, enfim?
Há algum tempo atrás postei vídeos produzidos pela BBC de Londres justamente sobre isso. Os vídeos relatam a vida de dois casais que se conheceram no Second Life. Um casal acabou confundindo simulação com realidade e o outro soube utilizar a simulação apenas como uma ferramenta para fazer sua Real Life melhor. Talvez seja justamente esse o problema tanto com jogos violentos como com simuladores. Esse tema é muito interessante e recentemente produzi um poema erótico cômico de um amigo (vencedor do London School of Journalism), que caricatamente relata esse tipo de relação e deve sair na próxima edição da revista Deja vu.
O ambiente virtual em 3D simula em muitos aspectos a nossa vida real e para cada um que cria seu avatar a SL pode ser um jogo (se você gosta de RPG e outros jogos que acontecem dentro da SL), um mero simulador, comércio virtual ou uma rede social. O maior atrativo é poder simular a vida real online que une plataformas como Orkut, YouTube e MySpace, tudo em um único espaço, que torna a experiência fascinante.
Aqui no blog já tratamos desse tema diversas vezes outro artigo que postei a algum tempo muitíssimo interessante para quem quer se aprofundar no tema foi uma entrevista com nada mais nada menos que Jaron Lanier um dos precursores da realidade virtual . Gosto especialmente de um comentário dele a respeito do comportamento das pessoas na internet. Jaron afirma que o Second Life passou a funcionar como uma ferramenta para reforçar a moralidade na internet. “As pessoas são melhores nesse programa do que em outras situações do mundo virtual. No Orkut, no MySpace, os usuários são muito maus, porque é fácil criar perfis falsos. Mas no Second Life o desenvolvimento do avatar requer esforços e, se você criar um personagem ruim, estará fazendo um mau investimento”, acredita o especialista. Gosto de pensar sempre positivamente.
Sinceramente, não tenho essa visão maniqueísta. Maniqueísta é uma forma de pensar simplista em que o mundo é visto como que dividido em dois: o do Bem e o do Mal. A simplificação é uma forma primária do pensamento que reduz os fenômenos humanos a uma relação de causa e efeito, certo e errado, isso ou aquilo, é ou não é.
A simplificação é entendida como forma deficiente de pensar, nasce da intolerância ou desconhecimento em relação à verdade do outro e da pressa de entender e reagir ao que lhe apresenta como complexo. "A pressa de saber obstrui o campo da curiosidade e liquida a investigação em muito pouco tempo" (W. Zusman - A terra sob o poder de Mani). A pressa não é só inimiga da perfeição, é também inimiga do diálogo, do pensamento mais elaborado, sobretudo, filosófico e científico.
O mundo é muito mais complexo e existem muitas pessoas boas. Apesar disso não acredito que todos são inteiramente bons como também não acredito que existam aqueles inteiramente maus (exceção feita aos psicopatas, que de qualquer forma possuem integridade mental questionável).
Ainda que Second Life seja o mais bem sucedido dos simuladores de vida, é possível encontrar na rede outras opções como: Smallworlds, Popmundo e Kaneva. Esses são fatos e observações lógicas sobre o que é Second Life e simuladores de vida. E então, proponho a discussão sobre essa Utopia sonhada por tantos em viver uma vida perfeita, mas que repete apenas a nossa ínfima e caduca idéia desse “admirável mundo novo” e que a maioria leva para dentro do metaverso, nos vícios e situações mal resolvidas encontradas em nosso mundo real. Paradoxalmente, esse “mundo de maravilhas”, como Alice encontrou sua Wonderland está repleto de cópias simuladas pela mesmice das famílias, das tentações de cada um em repetir o que lhe é familiar. Qual é o conforto e segurança em “brincar de casinha” na SL? É um JOGO? Jogar com os sentimentos alheios, com a vida e expectativas do outro é divertido? Brincar de AMAR um avatar/pessoa por semana faz bem ao ego? São algumas das inúmeras questões que teimam em surgir durante minhas reflexões.
Independente de se criticar e questionar algumas “atitudes” no Second Life ou na Real Life. Pensando positivamente, acho que às experiências virtuais enriquecem a vida real e inclusive, são por princípio, menos nocivas e perniciosas que um relacionamento real. Tirando evidentemente os muito crédulos e as crianças não posso acreditar que o grau de confiança seja o mesmo em ambas as realidades. Uma pessoa mal intencionada que mente e engana na vida real vai causar muito mais dor e sofrimentos que uma restrita ao Second Life.
Tenho grande preocupação quando sei de pessoas que abandonam literalmente sua vida real com maridos e esposas reais e filhos de verdade, para viverem essa fantasia, que tende à esquizofrenia. Penso em quantos personagens estas PESSOAS e não bonequinhos precisam criar para serem felizes? Sinto que os valores estão deturpados e uma de minhas maiores preocupações está em entender o que um adulto ou um adolescente ou criança (isso é muito sério, pois nem poderiam estar na SL), busca em se travestir de avatar criança e falar como se fosse um deficiente cerebral? (nem uma criança de verdade fala como muitos que vejo). E essa questão é extremamente delicada, pois pode estimular no doente, algo que abomino, como a pedofilia. Isso é muito sério e muitos ainda não entendem.
Publico novamente essa charge do Gepp que ilustra bem essa realidade.
Na minha experiência as pessoas buscam satisfação pessoal, experiência e aprendizado. O problema é que ao buscar seus interesses podem estar ferindo e magoando outros sentimentos. Mas isso também não é verdade na vida real? Alias, acho que na vida real a ferida é muito mais profunda. Sejamos realistas, excluindo as crianças, adultos sabem perfeitamente que quando se relacionam em um mundo virtual estão expostos a um maior grau de caos e variações da realidade. Não seria justamente esse o objetivo de se utilizar um simulador? A idéia é simples! Se cada um de nós utilizarmos o simulador para testar opções para a vida real por menor que sejam essas simulações imaginem o que não fazem milhões de pequenas simulações? Afinal são milhões de usuários, não são? Simulações que estariam muitas vezes fora de qualquer opção na vida real. Para utilizar um exemplo extremo, viver como um mendigo e sentir suas dificuldades!
Concordo Ananda, a criança não deveria estar mesmo no Second Life e por uma razão muito simples não tem capacidade de diferenciar a realidade de uma fantasia, de uma simulação ou de um sonho. Se bem que alguns adultos também têm dificuldade em diferenciar a realidade da fantasia.
Querem simular uma segunda vida? Certo, maravilha, mas qual alegria existe em simular nesse “novo mundo” as mesmas farsas e vícios de nosso velho e deficiente mundo? É incrível como na SL tudo se potencializa e os defeitos encontram múltiplas facilidades sob o manto do anonimato.
Não existe alegria alguma, mas no fundo o que se deseja é apreender com as mais diversas situações que se encontram no nosso dia a dia. Talvez estejamos inconscientemente preocupadas em solucionar problemas do dia a dia que acabamos por simular os mesmos problemas vividos na vida real. Os sonhos são exatamente isso uma simulação dentro de nós. De qualquer forma só é possível simular um relacionamento a partir de uma realidade já conhecida. Hoje em dia as mulheres se dividem entre a profissão e os cuidados com a família (filhos, marido, etc...). Esse sentimento que nos aflige poderia ser simulado no Second Life e ajudar a solucionar a ansiedade futura? O homem que tem dúvidas quanto a aceitar o compromisso de casar poderia solucioná-las com a ajuda de um simulador? Enfim será que agindo assim não poderia causar alguma magoa real em alguém? Em principio sim, mas como adultos que somos quero crer que a magoa será muito menor do que a dúvida e o “não” na frente do altar... Ou pior, o abandono dos filhos pequenos na primeira briga do casal.
Sou extremamente positiva e acredito em um mundo maravilhoso e por estar de bem com a vida é que adoraria encontrar mais caráter, boa índole, boas ações e ações pró-ativas na SL. Afinal, somos nós que criamos esse mundo virtual e isso deveria ser tão melhor.
Tenho sido extremamente feliz nesse aspecto nos meus quase dois anos de Second Life. Vivenciei muitas ações e situações pró-ativas e criativas. Conheci pessoas maravilhosas. Tenho a satisfação de ter conhecido pessoas do mundo todo e muito mais pessoas de caráter, boa índole. Nesse aspecto acredito que o Second Life tem muito mais pessoas normais e de boa índole. Acredito que as pessoas em sua essência são boas. Pessoas com pouco caráter têm menos espaço para fazer maldades dentro do Second Life. Em minha opinião as possibilidades de se cometer algum golpe ou malvadeza são muito menores no Second Life que na vida real. Querer comparar ambas as realidades é desconsiderar que na vida real se pode torturar fisicamente e até matar. Mesmo psicologicamente, o fato de se estar protegida a distancia faz uma diferença enorme. O maior trauma psicológico é saber que a ameaça pode se tornar real. No Second Life basta desligar o computador.
Alias, publiquei um texto maravilhoso sobre autismo de autoria de Brett Stand que trata exatamente disso. Segundo Brett existem graus variados de autismo e algumas pessoas até consideradas normais que tem certa fobia por contato físico poderiam sofrer desse problema. Segundo ele o autismo é a desordem global do desenvolvimento neurológico que mais cresce nos EUA.
Infelizmente o texto está em inglês, mas segundo wikipedia autismo é uma alteração cerebral que afeta a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes retardos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Muitas das pessoas que sofrem de autismo vivem em um "mundo" à parte, interagindo com coisas que eles imaginam. É como se criassem o seu próprio mundo.
De acordo com Brett, uma dessas pessoas maravilhosas que tive o privilégio de conhecer, e que tem um filho autista, o Second Life contribui para socializar. Ananda pensando agora nisso, e em todas as oportunidades e experiências que as pessoas com alguma deficiência têm no Second Life que seria impossível na vida real. Surdos, paraplégicos e outros. Dentre as pessoas maravilhosas que conheci no Second Life uma me deixa com lagrima nos olhos toda vez que penso nela. Ela tinha câncer e os médicos haviam dado poucos meses de vida e graças ao “mundo maravilhoso” do Second Life ela sobreviveu muito além do que os médicos haviam predito com muito mais qualidade de vida.
SL é um simulador de vida e poderia ser maravilhosa se tentássemos usá-la como ensaio e escola para vivermos uma vida real cada vez melhor. Em lugar de dizer eu te amo em chat aberto, em declarações irreais para alguém que acabou de conhecer, por que não dedicar essa energia e carinho em fazer da vida real mais feliz, declarar ou resgatar seu amor a quem está ao seu lado? A fragilidade dos sentimentos e como são descartáveis na SL é chocante.
Concordo Ananda, mas se esse “eu te amo” fake em chat aberto melhorar a auto-estima? Será de todo ruim? Quanto aos relacionamentos no Second Life eu diria que existem realidade e sentimentos reais por de trás de um avatar. Um relacionamento no Second Life não é tão simples por que sua alma, sentimento e pensamentos estão conectando a vida real à vida virtual. Contudo a simulação permite experimentar e testar diferentes situações. Se o sentimento for verdadeiro podemos estar traindo alguém na vida real. O mais grave é estar traindo seus próprios sentimentos. Você pode se sentir confusa, frustrada e magoada. Fazer amor por fazer não tem graça tem que ter sentimentos. O maior perigo e se machucar justamente por brincar com seus próprios sentimentos. E olha, não adianta colocar a culpa nos outros depois. Foi você mesma que quis se envolver que não se preparou psicologicamente para essa simulação de vida. No mundo virtual controlamos um avatar com sentimentos reais e mesmo sem ver podemos sentir. Já dizia o ditado amor é cego... O coração é quem dita o amor. Não é necessário ver, basta sentir. O Second Life é uma ótima oportunidade para vivenciar experiências que jamais teria na vida real e isso pode ajudar seu autoconhecimento, em suas decisões reais e reduzir o stress do dia a dia.
Vida não é brinquedo para se jogar e há sentimentos em quem controla os tais “bonequinhos” e não me refiro apenas aos sentimentos românticos, mas também à frustração de quem monta um negócio e é lesado, de quem é traído por um amigo ou pai, mãe, irmão postiço de SL… Jogo… sim, a SL tem jogo de RPG, Arcade, Pescaria, tudo como parte do que pode tornar essa segunda vida mais divertida. Mas, gente não é boneco, gente não é pixel, nem merece ter seus sentimentos descartáveis. Enquanto tantos considerarem a SL um jogo e não entenderem que é simulador de vida. Muitos serão magoados.
Amor, caráter e amizade são muito diferentes dos absurdos que cometem na SL em nome da diversão ou descarregar frustrações a qualquer custo. Simular uma vida de sonhos é uma delícia, mas que isso não se torne algo destrutivo e sádico, que tem causado sérios estragos a muita gente.
Acabamos exagerando e exacerbando os sentimentos negativos e as pequenas frustrações do dia a dia. Basta ver os documentários em qualquer tele jornal. O ser humano parece ficar hipnotizado para ver noticias pessimistas. Quem sabe não seria justamente uma maneira de dizermos para nós mesmas: “ ainda bem que isso não aconteceu com a minha família”, como alivio para os pequenos insignificantes problemas do dia a dia. A vida pra mim é isso, dificuldades, pequenos tropeços e desafios... Novas experiências. Sem isso a vida perde a graça. Sem essas dificuldades não crescemos como seres humanos. Aliás, tenho pra mim que o ser humano é viciado em novas experiências e dificuldades. Situações difíceis, desafios, competições são ao mesmo tempo um remédio e um estimulante. Não é por isso que existem tantos esportes competitivos, de olimpíadas, futebol e jogos de vídeo games? Jogo fácil e sem graça tem poucos adeptos... Existem ligas de futebol, federações de enxadristas, mas desconheço alguma entidade ou competição de “jogo da velha”. Não seria justamente por ser um jogo chato e sem graça? Enfim, será que todo aquele drama por uma traição do nosso “namoradinho virtual” não seria apenas uma carência afetiva externada?
Segundo Lanier, não se trata de qual vida você gasta mais tempo, mas sim quão significativo é o tempo que dedica a cada uma delas. Se a imersão no mundo virtual é prazerosa e qualificada continue e seja feliz, e se não for, é melhor não fazer o login. Essa é a minha sugestão.
Para finalizar inclui também algumas frases e comentários excelentes tirados do artigo original. Esses textos ilustram bem a minha opinião.
Concordo com a MaryAnnaArchitect Barcelona
“No Second Life ensaio coisas que quero e tento aplicar na minha primeira vida. Onde aprendo mais sobre minha profissão e sobre mim mesma. Exercito minha criatividade inventando coisas… Fazendo de tudo isso uma experiência válida, não deixando que o tempo no Second Life se torne um tempo perdido na minha Real Life.”
Penso assim também zeronight Wilber
“para quem leu Brave New World de Aldous Huxley sabe que essa utopia nem é saudável, e podemos citar personalidades que tentaram tornar o mundo “perfeito”. Em Admirável Mundo novo era quase um crime ser gordo, velho e feio, cometer erros, ter uma crença ou religião, enfim ser humano.”
“O importante é cada um tentar viver seu Second Life da melhor maneira possível, e aceitar as diferenças. Tomar um pé na bunda não é coisa rara e acontece desde que o mundo é mundo, resta cada um saber lidar com isso. Portanto, quem chega no Second Life cheio de ilusões, achando que encontrou um mundo perfeito, pode escrever aí que vai se decepcionar pesado “
É exatamente isso Marcos
“A Second Life não tem meta alguma, vc faz o que quer ou não faz nada se quiser também. Todos nós sabemos que uma “vida” sem objetivos é uma vida perdida”
Perfeito Thereaver Barrymore, nada mais a dizer.
“Enfim .. Cada um tem aquilo que se permite …”
“Second Life pra mim não é jogo, nem simulador de vida, mas uma ponte pra primeira”
Fiquei surpresa com seu comentário Colete Jacobus. Excelente!!!!
“Parece haver um aspecto a ser acrescentado: independentemente de tratar-se de um jogo ou simulador da realidade (isso não importa tanto), a Second Life explicita para todos nós algo que os pensadores pós-modernos já discutiram: a essa altura dos acontecimentos não há como se sustentar mais a “suposta” unidade do sujeito. A mudança cultural que estamos protagonizando através da virtualidade mediada pela tecnologia digital inevitavelmente nos levará a implodir a crença neste “indivíduo psicológico”, ou seja, esta invenção do iluminismo e do romantismo. Evidentemente isso não será feito sem dor ou sofrimento porque a crença neste EU integrado e uno nos proporcionou algumas pérolas de nossa civilização, como o mito do amor romântico, por exemplo, que tanto consolo e prazer nos trouxe. A possibilidade que a Second Life oferece de podermos estar apaixonados hoje por um avatar e amanhã por outro é a banalização em ritmo frenético deste mito e aponta para a fragilidade e esgotamento de toda esta economia simbólica fundada no vínculo da sexualidade, do desejo com uma forma de afeto específica e mítica – o amor romântico – e tudo isso ao casamento monogâmico. Buscar aqui qualquer forma de “consolo existencial virtual” para esta mudança que não só é inevitável, mas já se encontra em curso, parece-me fatal. A Second Life tem um lado transgressor encantador que é a possibilidade de lidarmos mais concretamente com a alteridade e fazermos de nós próprios um “outro”. Agora, temos de saber que isso é o mesmo que brincar com fogo!”
É isso ai Alyne Dagger
“A cabeça de cada um tem que ser o seu guia.”
Mais uma vez concordo plenamente com suas palavras Ananda Valeeva
“Há infinitas possibilidades que não dependem de se relacionar, casar, namorar, para ser feliz em uma segunda vida (nem na primeira, por sinal). A Second Life e a Real Life proporcionam muita satisfação intelectual e criativa, para quem as busca.”
De fato CarolineDarwin Baxton
“O Second Life tem me ajudado muito no meu autoconhecimento! Consegui despertar qualidades que nem pensei que tivesse! Aplico muito do que aprendi no Second Life na minha Real Life. Acredito que essa possa ser uma das melhores formas do Second Life fazer parte de nossas vidas!”